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Biodiversidade e as Mudanças Climáticas

A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica a biodiversidade como “a mais forte defesa natural contra as mudanças climáticas”, mas as mudanças climáticas têm desempenhando um papel cada vez mais importante no declínio da biodiversidade, impactando a natureza de forma drástica e progressiva, enfraquecendo a estrutura, funcionamento e resiliência dos ecossistemas.

Atualmente, as alterações no clima já afetam os ecossistemas marinhos, de água doce e terrestres em todo o mundo. Como resultado, as contribuições da natureza para o bem-estar humano estão diminuindo, ameaçando o desenvolvimento sustentável devido a perda de espécies locais, mortalidade em massa de plantas e animais, extinções causadas pelo clima, entre outros.

É crucial que se entenda que isso não é um processo de via única. As mudanças climáticas não apenas intensificam a perda de biodiversidade, mas a perda de biodiversidade pode impulsionar as mudanças climáticas, criando um círculo vicioso. Um exemplo simples deste ciclo são as plantas, que agem como os pulmões do planeta, extraindo CO2 e liberando oxigênio. Se as árvores são perdidas em um desmatamento, elas não apenas liberam imensas quantidades de carbono na atmosfera, como perdem sua habilidade de reduzir as emissões ao não absorver mais carbono.

Um efeito clássico das mudanças climáticas é o aumento das temperaturas, que está alterando habitats muito mais rápido do que a natureza pode se adaptar. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, os impactos projetados em decorrência desta alteração incluem: deslocamento de espécies (algumas poderão migrar através de paisagens fragmentadas); extinção de espécies mais vulneráveis; e reconstrução de ecossistemas (novas faunas e floras) com predominância de espécies que melhor se adaptam, como as ervas daninhas.

Segundo a ONU, o risco de extinção de espécies aumenta a cada grau de aquecimento. Nos oceanos, o aumento das temperaturas aumenta as chances de perda irreversível dos ecossistemas marinhos e costeiros. Os recifes de corais vivos, por exemplo, caíram quase pela metade nos últimos 150 anos, e um aquecimento maior ameaça destruir quase todos os recifes remanescentes. Na Amazônia, os alertas sobre a importância do bioma na regulação climática global não são recentes. Desde o 4º relatório do IPCC, lançado em 2007, a Amazônia tem papel de destaque. Infelizmente em 2021, sozinha, a Amazônia respondeu por 77% das emissões brutas de gases do efeito estufa e registrou a pior taxa de desmatamento em 15 anos, conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE): 13.038 km².

Além disso, temperaturas em alta e eventos extremos afetam a produção de alimentos e sobretudo populações menos protegidas. Quanto mais quente, mais tempestades, inundações, secas extremas e perdas de biodiversidade virão. Com base no aumento das observações e uma melhor compreensão dos processos, é de conhecimento geral que a extensão e a magnitude dos impactos das mudanças climáticas na natureza são maiores do que o avaliado e esperado há 20 anos.

Deste modo, acordos tentam limitar em 1,5ºC o aumento médio da temperatura mundial, até 2030. Porém, nos territórios mundiais, a elevação mediana dos

termômetros já é de 1,1°C em relação à era pré-industrial. Nos mares e oceanos, a média já é de 0,9°C.

As projeções atuais indicam que, com um nível de aquecimento global de 2°C até 2100, até 18% de todas as espécies terrestres estarão em alto risco de extinção. Se o mundo aquecer até 4°C, cada segunda espécie de planta ou animal estará ameaçada e a mortalidade em massa e extinções alterarão irreversivelmente áreas globalmente importantes que abrigam uma biodiversidade rica, como recifes de corais tropicais e florestas tropicais. Mesmo em níveis mais baixos de aquecimento de 2°C ou menos, até 2100 a fauna polar (peixes, pinguins, focas e ursos polares), recifes de corais tropicais e manguezais estarão sob séria ameaça, e cerca de 8% das terras agrícolas atuais devem se tornar climaticamente inadequadas.

De forma geral, o impacto das mudanças climáticas na biodiversidade apresentam incertezas. Reduzir essas incertezas é fundamental. Para mitigar os efeitos sobre a biodiversidade em longo prazo, propõe-se aumentar a conectividade entre florestas, integrar mudanças climáticas em exercícios de planejamento, mitigar diferentes ameaças à biodiversidade, entre outros.

Mais de 50% da economia global depende de recursos naturais, onde a existência da biodiversidade e dos serviços prestados pelos ecossistemas têm grande influência nas operações dos negócios. Portanto, as organizações exercem papel importante neste esforço de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas ao gerar esforços para a conservação e gerenciamento da biodiversidade de maneira sustentável. Se não houver mudança no comportamento a destruição será inevitável, a saúde humana será altamente prejudicada, assim como a economia e a sociedade.

Enfrentar essa nova realidade impõe desafios, mas também oportunidade de protagonismo para as corporações que buscam excelência, visto que 4/5 dos consumidores brasileiros consideram importante que as empresas tenham ações de impacto positivo para o meio ambiente e demais temas no contexto. Mas como fazer com que a biodiversidade seja parte do seu negócio? Na próxima newsletter traremos informações a respeito.

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