Esquerdo: Ivan Tomaselli / Direito: Pavan Sukhdev
Por: Rômulo Sousa Lisboa, Diretor de Desenvolvimento e Qualidade, STCP
Não é novidade que a economia nacional vive tempos difíceis. Também é sabido que o empresariado brasileiro não aproveitou na medida do desejável os anos de expansão registrados no início desta década para internalizar e aprofundar em seus negócios o conceito de sustentabilidade. Em meio à crise, há um grande risco de que os três eixos do tripé da sustentabilidade – pessoas, planeta e rentabilidade (people, planet, profit) – sejam ainda mais negligenciados.
Em momentos como este é grande a tentação de que apenas o fator “rentabilidade” seja levado em conta. Também prosperam neste cenário os discursos daqueles que olham para as soluções sustentáveis como meras fontes de custos, negando-lhes o caráter humano e ambiental.
Situações de crise, no entanto, exigem soluções criativas. E é justamente um grau mais elevado de inovação que precisamos almejar quando buscamos evitar o colapso frente à escassez de recursos naturais não-renováveis. Também ficam mais abertas as portas para uma mudança de paradigma capaz de evidenciar que a sustentabilidade não é – nem se propõe a ser – uma panaceia para todas as dificuldades empresariais. É, antes, um caminho para agregar valor financeiro e social em toda a cadeia produtiva.
Nesse sentido, a crise se apresenta como um elemento a nos impulsionar no caminho das soluções que harmonizem nossas prioridades ambientais, econômicas e sociais.
A discussão desse assunto e de temas relacionados foi a base da programação da edição 2016 do Fórum Sustentabilidade & Governança – o novo paradigma do desenvolvimento, que a STCP Engenharia de Projetos e a Milano Consultoria e Planejamento realizaram nos dias 23 e 24 de agosto, na FAE Business School.
A palestra de abertura do fórum tratou do papel dos serviços ecossistêmicos e da biodiversidade no mundo depois da Conferência do Clima realizada em Paris no ano passado, tema que foi abordado por Pavan Sukhdev, presidente e fundador da consultoria GIST Advisory e vencedor da edição 2011 do prêmio McCluskey, concedido pela Universidade de Yale aos que se destacam pelo mundo como líderes do desenvolvimento sustentável.
Como nas edições anteriores, quatro painéis estruturaram o fórum: no primeiro deles, cases corporativos da Vivo, da Bayer e do BRDE retrataram tendências em sustentabilidade e governança. Também no primeiro dia do evento foi apresentado o painel sobre capital natural e sustentabilidade.
No segundo dia os painéis trataram da comunicação institucional, abordando aspectos do marco legal e da publicidade, e de fontes de energia.
Na programação do fórum também foram incluídos debates e uma palestra sobre regulação, controle estatal e sustentabilidade corporativa, proferida pelo engenheiro florestal José Carlos de Carvalho, ex-ministro do Meio Ambiente no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Longe de deixar que a crise seja um pretexto para afastar o inadiável debate sobre desenvolvimento aliado às boas práticas ambientais, nós, organizadores, queremos avivar as discussões e encontrar saídas sustentáveis. O Fórum Sustentabilidade & Governança mantem todos os anos seu foco em participantes que enxergam a urgência e a relevância do assunto.
Ivan Tomaselli
Joesio Siqueira