O Setor Florestal Brasileiro possui importância como segmento exportador, gerador de postos de trabalho, tanto na produção de matéria prima (madeira) como na área industrial, de logística, mercado e outros, e como principal contribuinte ao marco regulatório ambiental, em especial por manter amplas áreas de preservação permanente e de reserva legal.
Mesmo durante o período da pandemia, quando houve significativo aumento nas demissões, esses postos de trabalho se mantiveram e trouxeram importante contribuição à minimização dos efeitos dela na economia local, regional e até mesmo nacional. Comprovando, uma vez mais, que o setor florestal é fundamental ao adequado crescimento da economia nacional.
Nesse aspecto, há décadas que se procura fortalecer as relações democráticas no processo produtivo dos diversos segmentos florestais em nível nacional. Os resultados têm sido menores, e, até mesmos os modelos econômicos praticados não têm conseguido efetivar uma melhoria importante nessas relações que visam, principalmente, o bem comum da sociedade como um todo. Mesmo os discursos e ações relacionadas com a sustentabilidade, que contemplam esse bem comum, não tem, por falta de uma melhor e mais adequada governança, contribuído para um ambiente favorável a todos, e o setor florestal não é exceção nesse aspecto. Assim, isso muitas vezes tem propiciado conflitos de diversas matizes, como é o caso do uso e posse das terras, as relações com as comunidades tradicionais, e, as eventuais ocorrências de impactos ambientais negativos ocasionados pela produção.
O ponto fundamental desses conflitos, de maneira geral, está relacionado ao desconhecimento da existência de fortes elementos sinérgicos contidos nas teorias e práticas da economia solidaria ou ainda da própria possiblidade da implantação de uma democracia econômica (contempla o bem comum e diminui a prática individual no resultado econômico e financeiro). No caso florestal, exemplos disso, facilmente perceptíveis, são os programas de fomento florestal praticados em países como a Finlândia, os quais tem muitos elementos sinérgicos estruturados que geram satisfação a todos os participantes.
Pesquisas extraoficiais realizadas por entidades privadas têm mostrado que está ocorrendo alteração na forma da realização dos negócios no setor florestal nacional. Essa alteração está relacionada muito mais à busca de cooperação e contribuição ao bem comum, do que pelo resultado do maior lucro oriundo das atividades florestais e seus segmentos. Ou seja, o setor está procurando, ainda de forma incipiente, ampliar sua participação e responsabilidade social, ambiental e, até mesmo fortalecendo o comprometimento nos processos decisórios com democracia e solidariedade. Fundamentalmente, essa evolução poderá trazer um maior e melhor engajamento dos envolvidos com a floresta e seu adequado uso na busca da melhor solução para o bem de todos.
É facilmente observável nesse Setor que os participantes estão tentando, até mesmo como forma de melhorar seus resultados, contemplar mais o bem comum do que propriamente o simples resultado (custo caixa e lucro) das suas atividades. Desse modo, os florestais estão, preventivamente, tentando, em conjunto com todos os interessados adotar e investir na melhor resposta social, ambiental, com envolvimento da sociedade no processo decisório de uso e geração de recursos, e, com isso construindo um negócio que é suficientemente solidário e sustentado em todos os seus aspectos. O sucesso dessa tentativa, levará o setor florestal à prática da verdadeira Economia do Bem Comum.