No período pós-pandemia observou-se mudança significativa no padrão de consumo global se comparado a anos anteriores. As pessoas tenderam a permanecer por mais tempo em seus lares, principalmente devido ao trabalho remoto, e começaram a adquirir produtos para aumentar seu conforto doméstico, a exemplo de móveis e componentes de madeira para construção. Isso levou ao aumento da demanda de produtos de base florestal, como painéis de madeira (ex. MDF, MDP), embalagens de papel/papelão, entre outros.
Somado a estes fatores, grandes players de setores como papel/celulose e painéis reconstituídos de madeira têm anunciado projetos de expansão, comprando ou firmando parcerias em extensas áreas de ou para plantio florestal. Tal movimento gerou alta demanda por florestas plantadas e terras em várias regiões do país, impactando em limitação da oferta e aumento de seus preços.
Aliado a isso, o aumento global do preço de commodities agrícolas, a exemplo de grãos como soja e milho, vem aumentando a competição por terras e, consequentemente, o preço das mesmas. Esta situação tem reprimido a expansão de áreas para plantios florestais a custos competitivos.
A conjuntura acima tem afetado também a viabilidade de projetos de mais longo prazo, sobretudo regimes de produção para toras de maior diâmetro (para uso em serrarias, laminação, etc), que necessitam de mais tempo para crescimento biológico da floresta, o que impacta no custo de oportunidade da terra.
Portanto, na questão do retorno financeiro no tempo, vários produtores florestais preferem converter o manejo para ciclos mais curtos (ex. eucalipto com corte aos 6 anos) e produção de toras de menor diâmetro para processo (celulose / painéis reconstituídos) ou mesmo para lenha. Aliás, a demanda por lenha tem aumentado no país, uma vez que setores de larga escala tem a utilizado em processos industriais, a exemplo do agronegócio na secagem de grãos e na produção geral de produtos alimentícios, bem como pelos setores de energia (biomassa) e siderurgia (carvão vegetal).
No Brasil, várias plantas industriais que utilizam madeira como insumo não têm base florestal própria, o que tem aumentado a preocupação das mesmas quanto ao custo de tal matéria-prima e sua competitividade.
Fontes de Suprimento:
Para a sustentabilidade do negócio no médio/longo prazo é necessário entender a dinâmica do setor e do mercado onde a empresa está inserida, de modo a definir estratégias de abastecimento industrial. O conhecimento da oferta e da demanda pela matéria-prima é fundamental para definir se a empresa mantém sua posição atual ou se define novas estratégias na sua área de atuação.
O suprimento com matéria-prima florestal de empresas que não são autossuficientes em seu abastecimento (atual ou futuro) pode ser categorizado
em:
– Curto/médio prazo: Envolve o volume de compras de madeira de terceiros pela empresa em determinado período. Isso traz a necessidade de se conhecer a oferta e a demanda de madeira regional, quem são os players produtores e consumidores, preços praticados, volumes disponíveis para
venda, rotas e distâncias dos maciços até as unidades consumidoras, entre outros aspectos;
– Longo prazo: Está relacionado com as expectativas de oferta e demanda regional, eventuais projetos de plantio próprio que a empresa detém, bem como seu planejamento de produção florestal. A partir destas informações se definem estratégias para continuidade ou revisão do programa de suprimento, o que pode envolver investimento em novos plantios, estabelecimento de parcerias, entre outros enfoques, de acordo com a estrutura socio fundiária regional, limitações legais/ambientais, aspectos edafoclimáticos, grupos de espécies/materiais genéticos adaptados, preços de madeira e terra praticados, etc.
A atuação da STCP Engenharia da Projetos, através da Divisão de Consultoria, está centrada na prestação de serviços nas áreas de Economia, Mercado, Estudos Estratégicos, Políticas, Legislação, bem como Novos Negócios para diversos setores (ex. florestal, agronegócio, energia, mineração, indústria de transformação, entre outros). Fale conosco!